“O Benfica está hoje limitado à eficácia na organização e transição defensiva. Ofensivamente, é incapaz de crescer em velocidade ou criatividade”
Analisar um jogo, analisando até onde pode ir a equipa dentro dum modelo de jogo. Falando sobre o que considerou a boa primeira-parte do Benfica em Newcastle, Mourinho confessava, ao mesmo tempo, o que pode fazer hoje a equipa para ser competitiva a este nível: ser compacta.
Dessa forma, revelava que o melhor Benfica possível (em face das características dos jogadores/plantel) tem de assentar essencialmente em linhas juntas com bloco médio-baixo na organização defensiva e capaz, após recuperada a bola, de fazer uma transição em profundidade (faltam médios de saída apoiada por dentro) que busque o único avançado com poder nas costas das defesas adversárias, Lukebakio, também o único diferenciador um-para-um como ala a flectir. Esteve, assim, perto de aguentar o 0-0 e chegar ao golo numa dessas bolas.
Os erros de saída deram, porém, um golo ao Newcastle (sempre a impor uma intensidade/velocidade de jogo de transições muito alta).
A perder, teve de esticar um pouco mais as linhas e a tal “equipa compacta” desfez-se. Desintegrada e incapaz de criar em ataque organizado, cada perda de bola dava ao Newcastle os espaços para sair rápido. O resultado subiu naturalmente. O Benfica caía quando queria jogar (atacar e defender, agora por esta ordem) duma forma para a qual esta equipa não tem capacidade.

As limitações do modelo
O modelo de jogo está limitado a ser prioritariamente eficaz na organização e transição defensiva. Em termos ofensivos, nenhum desses momentos, é capaz hoje de crescer, na velocidade ou criatividade. Não tem jogadores para isso sobretudo em ataque organizado.
Disfarça no campeonato com o duplo-jogador que é Pavlidis, ora a recuar, para ganhar espaço entrelinhas, ora como nº9, mais as subidas dos laterais (aqui sem tanta ameaça ofensiva adversária) e os médios a não se exporem tanto aos duelos (a tal questão da fragilidade física da equipa de que Mourinho também falou). Mesmo assim, basta uma equipa mais “rata” a ver quando sair em transição rápida e o bloco descompactado para atacar, e todo o onze benfiquista sofre (como já se viu nos últimos jogos internos).
A variante possível
Escrevi logo neste espaço quando Mourinho chegou como este plantel sem alas e tantos médios interiores, tinha tanto potencial para treinar e jogar em 4x4x2 losango. A questão é mesmo na ordem referida de treinar primeiro (precisava duma pré-época que não teve para mecanizar um sistema tão exigente, sobretudo a defender).
Ele iria mesmo potenciar mais o jogador que é Sudakov, mais um “8” que se estende até “10”, do que ser esse “10” a receber de costas como está a jogar, sem poder embalar desde trás como gosta. Penso mesmo que essa poderia ser uma solução neste 4x3x3. Inverter o triângulo, ficar só um “6” e jogar com dois “interiores 8”, um mais fixo, Rios, (a fazer o que sabe, lutar e recuperar) e Sudakov mais solto para construir desde trás.





