O poder é objetivo  

 “Saem Mora e William, entram Gabri e Borja. Prova-se como o que faz a força tático-técnica deste FC Porto é outra matéria de jogadores”

Farioli imaginara este jogo como indicado para meter a “equipa da bancada”. O Braga joga como um grande no sentido de subir linhas e dar mais espaço atrás. Era o ideal para os criativos reclamados pelos adeptos, William e, sobretudo, Mora, marcar a diferença a atacar num jogo que se previa tacticamente equilibrado (no sentido de nenhum equipa ir ter o controlo absoluto) mas onde as tais individualidades diferenciadores teriam mais espaços para resolver.

Não foi assim. Esses espaços até existiram mas em nenhum momento William ou Mora os souberam pisar ou romper no tempo certo para receber, antecipar e criar. Além das referências individuais de marcação, este Braga tem a cultura da “posse arredondada”. Isto é, aquela posse que abranda o ritmo e chega à frente com muitos jogadores e passar a rondar a área. Falta-lhe, porém, depois o “instinto matador” do remate.

O adversário, mesmo um grande como o FC Porto, pode ficar muito tempo atrás (com Horta a fechar Varela) que percebe que, se fechar bem, vai ter as suas oportunidades para lançar um ataque rápido mais perigoso na profundidade dos espaços deixados descompensados atrás no momento da perda do jogo de posse do Braga.  

Nesse sentido, Farioli, quando mexeu, foi metendo Rosário, para poder ganhar essa bola (a primeira ou a segunda) no meio-campo. Não foi uma substituição defensiva com 1-1. Foi uma substituição para dar poder ao meio-campo em roubar a bola (o que significava mais hipóteses de lançar esse ataque rápido mal o Braga perdesse a bola da “posse redonda”).

O golo da vitória surge dessa forma numa altura em que Farioli já provara porque é ele que faz a equipa e não a bancada. Sem Gabri não tinha quem fosse procurar espaços em vez de esperar receber a bola, sem Borja não tinha quem metesse agressividade ofensiva desde a faixa em vez de esperar a bola para depois inventar uma diagonal e remate.

Quando entrou em campo a “equipa do treinador”, o FC Porto ganhou o jogo porque apesar do jogo mais bonito do Braga a fazer circulara bola pelo campo todo com um “jogo posicional” perfeito, seria superior no ataque à baliza na tal maior objectividade tática e mais sólida do “modelo-Farioli” (mesmo baixando o bloco) com Gabri e Borja em vez de Mora e William.

Por isso, ninguém assobiou quando Mora foi substituído (com 1-1 e o Braga por cima). Até o mais simples adepto tinha percebido como o que faz a força tático-técnica deste FC Porto revitalizado competitivamente são outra matéria de jogadores.

Últimas