“Chegou De Bruyne e a tática estremeceu. Conte puxou do velho testamento e lançou o grito do Calcio”
Atenção que estamos num local em que Deus fez descer o seu filho futebolístico à terra. O “pibe pelusa” e o homem de causas. Como o definiam nos dias de “Paradiso” nos anos 80 quando ele pisava a relva do S. Paolo que agora tem o seu nome: “O futebol para Maradona é como um luna-.parque para uma criança. É um inventor, um criador, um instantâneo de arte, um homem que pode desconfiar da cultura mas insubstituível. Para o lugar de Maradona só… outro Maradona!”
A verdade é que o tempo passou, surgiu Messi e percebemos como, a partir dum fabuloso pé esquerdo, essa profecia feita então nas bermas do Vesúvio tinha sentido.
Ir a Nápoles é voltar a tocar ou sentir o que foram aqueles anos de utopia de futebol em que o onze azul celeste arrancava em campo, seguindo-o a caminho da área apoiado pela condução de Alemão desde trás e os golos Careca lá na frente numa dinâmica irresistível.
36 anos depois, o Sporting
Nápoles é uma confusão trepidante organizada por um povo único. Como podia o Sporting meter-se neste ambiente? Rui Borges, o treinador que viveu o momento como Manuel José há 36 anos, então tempo do Calcio à tarde, tinha agora Hjulmand no meio-campo como antes havia Valtinho e Carlos Manuel, mas nesta altura preferiu viver com um onze de gestão (o campeonato é prioritário) e tentou assim fazer uma “bella partita”. Quase dava, quando já estava em campo um colombiano. Luiz Suarez, e um Pote de ouro com bola.
“Questa bella Napoli” tem, no entanto, novos encantos de futebol que este milénio de globalização trouxe. Voltou a ser campeão com um craque georgiano de nome impronunciável para os “tiffosi”, Kvaratshkelia, “Kvaradona” para facilitar o juntar dos dois tempos de sonho, embora os murais nas paredes que se esbatem continuem a ser de Diego, e, agora sem ele, o presidente cinematográfico Di Laurentis, foi buscar um outro craque, mas este não é assim tão consensual.
Chegou De Bruyne e a tática estremeceu. Antonio Conte puxou do velho testamento italiano e lançou o grito do vulcão tático do Calcio.

O principio de De Bruyne
A sensação que tenho é que chega a Itália em contraciclo. Não só da carreira, mas no trajeto normal do estilo. Aos 34 anos, De Bruyne escolheu trocar o City dos 1001 passes pelo jogo de agressividade tática em pressão, encurtamentos, defesa-ataque-defesa, do Calcio, numa expressão estilística sobredimensionada treinada por Conte num clube que vive do carácter duma cidade-vulcão.
A rota de colisão técnica não demorou muito e em poucos jogos já se falava mais no choque Conte-De Bruyne do que na verdadeira forma de jogar do Nápoles para inserir este jogador tão sublime como caprichoso (numa idade de natural aburguesamento tático).
Reclamou quando foi substituído, murmurou insolente, teve a resposta de “grinta” frontal do treinador. Surgiu, porém, na mesma a titular na Champions (o jogo seguinte) e mostrou de que matéria são feitos estes craques quando querem responder dentro do campo (o local onde falam melhor).
Atravessou o campo com a bola dominada, colada à bota, foi saltando adversários e entregou-a no tempo cero a isolar o ponta-de-lanploes!﷽﷽﷽﷽ando Maradona. Isto a um EStto de relva livre e meteu um vruzamento tenso preciso em arco para o mesmo nº9 cabecear.
ça Foi buscar um canto à maneira curta, deram-lhe um metro-quadrado de relva livre e meteu um cruzamento tenso e preciso em arco para o mesmo nº9 cabecear.
Dois rasgos num jogo completo, de técnica fina e tática apurada, para dois golos e uma vitória que voltou a fazer honras a um Estádio com nomes de Deus, Diego Armando Maradona.
Isto é Nápoles! Agora com o perfume de De Bruyne que é o jogador “mais um” que faz nascer um quarteto de um trio que se complementava com Lobotka o radar de circulação de bola, Anguissa, o comedor de metros com a bola desde trás, e McTominay, o escocês lapidado de simples médio de duelos atrás para um trequartista de versão rochosa moderna mas com ultima definição de golo. O novo “Fab Four” napolitano é agora tanto ciência, como caos.





