Todos amordaçados

 “Mourinho fez o jogo que queria e percebeu sempre o que fazer para o empatar. Faltou rasgo tático ofensivo a Farioli”

Sair vivo um jogo para poder continuar a lutar por um campeonato. Eis o objectivo do Benfica que tinha de ter um plano adequado que, como Mourinho explicava no final, foi sendo quase sempre do seu lado (plano inicial definido a correr bem a amordaçar o jogo no 0-0) resistir ao risco de meter alguém para tentar ganhar. 

Numa frase está resumido clássico onde a bola só viu verdadeiramente a baliza com os “olhos abertos” no último instante, quando Mora (lançado para os último cinco minutos…) rematou em arco à barra (antes, é verdade, também tinha ido à barra portista mas de “olhos fechados” num corte-rosca que ia dando auto-golo de Kiwior).

Mourinho olhou para o jogo como objecto de estudo tático do sistema-Farioli e como travá-lo. Definiu zonas de pressão mais altas, fechou as alas e meteu cimento de jogo de pares a meio-campo com Rios a secar Gabri (sem espaço para receber) e Enzo a travar Froholdt (sem espaço para embalar). Aursnes fechou à esquerda e acabou o jogo com Barreiro também cobrir a direita (quando Lukebakio morrera e Dedic sofria).

Faltou rasgo tático a Farioli

O FC Porto revelou como é rígido nos seus princípios sobretudo a defender num jogo onde tinha de ter mais criatividade a atacar. Uma coisa, embora momentos de jogo diferentes, está relacionado um com o outro. Ou seja, nunca abdica, em organização defensiva,  de fazer “linha de 5”, com Varela, recuado de médio-centro, inserido nela. É importante em algumas situações, é limitado taticamente noutras.  

Neste caso fazia com que o meio-campo do Benfica ficasse em superioridade numérica (triângulo mais Aursnes a vir dentro) perante a dupla de médios (Froholdt-Gabri) na estrutura 5x4x1 em que o onze fica nesse momento.

Este factor, fez o Benfica vencer o combate tático do meio-campo. Mesmo que sem ambição ofensiva, tinha perfeita proteção de transição defensiva. Desta forma nunca se desequilibrou.

Com os laterais portistas metidos quase sempre “por dentro” como é também principio de Farioli, o jogo ficou engarrafado no corredor central (de marcações e coberturas encarnadas).

Farioli também não quis entrar em zonas de risco ao mexer na equipa (tirando os últimos minutos  onde todo o Benfica fechava). Tem uma identidade de jogar para os diferentes momentos (defensivo e ofensivo) e não lhes quis mexer. Faltou dimensão estratégica de variabilidade atacante. Do outro lado, Mourinho rinha a sua, de marcações, pressão e, pura e simplesmente não deixar haver jogo. Missão cumprida.

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